Concer não usa Verba Disponível para Melhorar Rodovia

[Diário de Petrópolis – Domingo, 20 de outubro de 2013]

Média é de R$ 7 milhões anuais oferecidos às concessionárias

Anualmente, as concessionárias de rodovias federais têm à sua disposição, em média, R$ 7  milhões para serem usados em pesquisas tecnológicas que melhorem as condições das estradas. Da primeira “leva” de empresas que assumiram rodovias privatizadas no final da década de 90, a Concer, que administra a BR-040, entre Rio-Juiz de Fora, não usa os recursos que são provenientes de 0,25% do que os usuários pagam em pedágio, a receita bruta da concessionária para investir em tecnologia.

Até 2010, cinco concessionárias somavam 21 projetos. NovaDutra conseguiu verbas para seis; Concepa e Ponte executavam cinco projetos cada; a AutoPista desenvolvia três estudos e a CRT tinha em curso uma pesquisa.

“A Concer era a única que não usou a verba que dispunha para nenhuma melhoria”, protesta o deputado estadual Bernardo Rossi (PMDB).

Esta nova informação, que não é divulgada ao usuário, será anexada ao relatório da Comissão Especial que está sendo instituída na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para fiscalizar as obras da nova pista de subida da Serra.

– Mesmo não estando atrelado diretamente à nova obra, ele é importante porque mostra o quanto a concessionária, nesses 17 anos de administração da rodovia, deixou de investir nas atuais pistas o que pode comprometer também a manutenção da nova subida da Serra”, aponta Bernardo Rossi.

Para o parlamentar, a dispensa do uso de novas tecnologias fizeram com que as pistas atuais chegassem ao estado que se encontram. “Enquanto a nova pista de subida não fica pronta, a atual, em uso por 20 mil veículos ao dia e, sem investimentos, vai se degradando a cada dia”.

A importância desses estudos pode ser medida pela sua aplicabilidade nas estradas e pelo farto material que geram na área de tecnologia de engenharia. Segundo a própria ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, que regula o setor e que implantou a norma criando a possibilidade de uso desses recursos, vários desses estudos tiveram seus resultados apresentados em congressos, sendo que alguns deles tornaram-se tema de pesquisas de mestrado e doutorado, além de um dos estudos ter contribuído para a elaboração de uma norma técnica.

A ANTT organiza workshops anuais para difundir o conhecimento científico e tecnológico gerado nesses estudos, promovendo também a aproximação entre as concessionárias e instituições de pesquisa de todo o Brasil.

A aplicação dos Recursos para Desenvolvimento Tecnológico (RDTs) foi estabelecida pela Resolução nº 483, de 24 de março de 2004. Eles devem ser usados na área de engenharia rodoviária, sendo que para sua utilização as concessionárias devem possuir projetos de pesquisa aprovados pela ANTT. Passados seis anos de seu uso ter sido estabelecido, a Concer ignorou a verba disponível.

– Esse recurso sai do bolso de todos nós que passamos pela praça de pedágio dos 180 quilômetros da rodovia. “Pela resolução, os recursos não utilizados são revertidos para forçar o cálculo tarifário para menos, mas com um pedágio a R$ 8, nem sentimos essa diferença”, observa Bernardo Rossi. E continua, “Enquanto isso subimos e descemos a serra com pistas esburacadas, sem telefonia e sem iluminação”, protesta Bernardo Rossi.

Outras concessionárias usaram a verba e já aplicam os avanços na prática

Em 2009, em artigo em sua revista anual, a ANTT, assinalava: “CRT e a Ponte são as que mais utilizam a verba para pesquisa. A Concepa vem aplicando somas consideráveis dos recursos disponíveis, embora em 2008 tenha reduzido seus gastos. A NovaDutra, desde o início da concessão, vem utilizando menos da metade da verba; e a Concer nos últimos dois anos não apresentou nenhum projeto de Desenvolvimento Tecnológico”.

A CRT, por exemplo, criou um tipo de tinta para sinalização rodoviária horizontal, a base de resina acrílica emulsionada em água. O desenvolvimento deste trabalho respondeu a uma tendência mundial de preocupação com o meio ambiente.

Já a Ponte, que administra a Ponte Rio-Niterói, usou a verba para monitorar selos de gesso que levaram à descoberta de problemas de relaxação nos cabos de protensão da estrutura, até então impensados, e que poderiam ter causado sérios problemas de segurança.

No seu relatório anual de 2012, a Concer informava que estava usando – sem mencionar valores e resultados práticos – o RDT em uma pesquisa de desempenho de diferentes espécies vegetais. Eles estariam estudando paisagismo, recuperação de áreas degradadas e aplicação dessas plantas em taludes.

Dois anos, em 2010, em seu relatório comemorativo de 15 anos à frente a concessão Rio-Petrópolis-Juiz de Fora,  a Concer divulga que “financia um estudo da Coppe/UFRJ na BR-040 que analisa o  desempenho de pavimentos com a utilização de dois  tipos de  misturas asfálticas sobre  tráfego  real. O  objetivo  da  pesquisa  é desenvolver  um  tipo  de  massa  asfáltica mais durável e de menor custo”.

– Queremos saber onde está este estudo e quando essa tecnologia vai ser aplicada para nos livrar dessa buraqueira que são as pistas da BR-040, em especial na Serra”, completa Bernardo Rossi.

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Nova Subida da Serra de Petrópolis, Audiência Pública 31 de Julho (clipping)

A audiência pública sobre a construção da nova subida da Serra de Petrópolis, no próximo dia 31, na Câmara Municipal, gera expectativas na cidade, que espera por esclarecimentos sobre as obras na rodovia. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pela fiscalização de concessões de rodovias federais, mandará representantes para o evento. Nas intervenções da população, de representantes da sociedade e de vereadores, deverão ser feitos questionamentos sobre as datas de início e término da ligação Bingen-Quitandinha, o destino que será dado à atual subida da serra e o cronograma das obras de duplicação.

Presidente da Associação Petropolitana de Engenheiros e Arquitetos (Apea), Luiz Antônio Amaral afirmou que entregará aos representantes da ANTT o abaixo-assinado com mais de dez mil adesões cobrando que a agência tire o Belvedere da Concer.
– O abaixo-assinado é para mostrar que o Belvedere é nosso, não é deles. É um marco da arquitetura no Brasil. A ANTT diz que a devolução só depende de a Concer assinar. A Concer já mostrou que não tem interesse no Belvedere, que não é contemplado pelo projeto de duplicação da serra – disse o presidente da Apea.
Amaral também espera ter explicações da ANTT sobre como ficará a atual subida da serra, já que é a atual descida que será duplicada, passando a funcionar em mão dupla.

– Como vai ser feita a manutenção? Vai acontecer o mesmo com a Serra Velha? Não há uma proposta oficial. Ou vai ser como a União Indústria, que não é de ninguém, e ninguém cuida? – questionou Amaral.
O presidente da Apea ainda apontou outras perguntas para serem feitas na audiência:
– Como vai ser feita a duplicação? Como vai ser a gestão? E quem vai fiscalizar? Como vão ser as entradas da cidade? Essa obra deveria ter sido feita há muito tempo. Não vou nem entrar na questão dos recursos públicos, se vão ser aplicados ou não, porque esse assunto vai ser abordado por Tribunal de Contas, Justiça e Ministérios Públicos. Já tem um fórum adequado para isso – disse Amaral.

Deputado não crê em resultado efetivo

Como a Câmara informou na quinta-feira, serão chamados para a reunião os representantes da Concer, do Convention Bureau, da Associação da Rua Teresa (Arte), do Polo de Moda do Bingen, da Feirinha de Itaipava e “toda população interessada na melhoria da estrada”.

O deputado federal Hugo Leal (PSC-RJ) afirmou que não irá à audiência e reclamou dos vereadores por não ter sido convidado. Para o deputado, é pouco provável que o evento na Câmara Municipal dê resultados, já que, ainda segundo ele, o local ideal para discussão da construção da nova subida da serra deveria ser a Câmara dos Deputados, por se tratar de uma rodovia federal.

– Só não sei se vai ter uma ação efetiva. Se eles não cumprirem o que falarem na audiência, ninguém vai poder fazer nada. O resultado é sempre na Câmara Federal – disse Hugo. – Temos que separar o que é circunstância eleitoral daquilo que realmente tem interferência, tem resultado.

Ligação Bingen-Quitandinha

Presidente da Comissão de Transporte Público e Mobilidade Urbana da Câmara Municipal, vereador Maurinho Branco (PTC) afirmou que a principal questão a ser respondida pelos representantes da ANTT é a ligação Bingen-Quitandinha.
– Falaram que em seis meses iam começar as obras para fazer a ligação. Então é fundamental para a população saber como isso está, se o prazo vai ser cumprido – disse Maurinho.

Em maio o prefeito Rubens Bomtempo se reuniu com o presidente da ANTT, Jorge Bastos, em Brasília. Na ocasião, Bomtempo pediu tratamento prioritário para a ligação Bingen-Quitandinha, e Bastos teria se prontificado em priorizar o pedido.
– Como vai ser a ligação? Deveria começar por lá, e não pelo pedágio – disse Amaral, da Apea.

Recuperação da Estrada União Industria – Projeto Completo

O projeto de recuperação da União Indústria foi colocado pela NovAmosanta no site “DROP BOX” de compartilhamento de arquivos.

O projeto é composto de 4 volumes. Para acessar o projeto lique nos links adiante.

  1. Volume 1.pdf 23.13 MB

  2. Volume 3.pdf 17.88 MB.