NovAmosanta mostra preocupação por falta de obras de mobilidade na União e Indústria

do Diário de Petrópolis, 24/8/2021.

Projeto em 2014 previa intervenções em sete pontos para melhorar o trânsito ao longo da estrada, mas reforma avança apenas na revitalização da pista.

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Rômulo Barroso – especial para o Diário de Petrópolis

A reforma da Estrada União e Indústria foi muito aguardada por quem usa para cruzar a cidade. É a principal ligação entre o Centro e os distritos, local de passagem de 100 mil pessoas diariamente, nas projeções da CPTrans até 2019. Há pouco mais de um ano, a obra começou, partindo da Av. Barão do Rio Branco em direção a Pedro do Rio, um investimento de mais de R$ 40 milhões feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que administra esse trecho de quase 25 km. Mas apesar de comemorada, essa obra ainda traz preocupações porque ela não incluiu soluções de mobilidade urbana, como aponta a NovAmosanta (Associação de Moradores e Amigos de Santa Mônica).

O assunto, inclusive, motivou uma reunião virtual no Ministério Público Federal no último dia 17 de agosto. A procuradora Vanessa Seguezzi convocou representantes do Dnit, da empresa contratada para realizar a reforma da estrada, da CPTrans, entre outros, para saber do andamento da revitalização da pista e também das propostas de intervenções visando melhorar o trânsito ao longo da União e Indústria. Porém, ainda não há perspectivas dessas intervenções, que foram projetadas inicialmente em 2014, sair do papel.

Há sete anos, um estudo do Dnit projetou melhorias em sete locais: Pedro do Rio (entrada para BR-040); acesso à União e Indústria pela BR-040; retorno entre Bonsucesso e Nogueira; acesso e retorno à Nogueira; retorno em Corrêas; interseção no Roseiral; e interseção no Carangola. Esse mesmo estudo foi atualizado em 2018. Mas quando a obra foi licitada, o serviço contratado foi de reforma da pista, obras de drenagem e de contenção, e sinalização.

“Temos que reconhecer que o serviço que está sendo feito é de qualidade e é fundamental. Essa obra está sendo bem feita. Mas as intervenções de mobilidade também precisam acontecer, não só em função dos problemas de trânsito, mas estamos falando também de segurança viária”, destaca o presidente da NovAmosanta, Jorge de Button. Segundo ele, esses sete projetos de mobilidade visam reduzir interseções e cruzamentos na estrada. “Precisamos levantar esse assunto para que se faça o que estava previsto desde 2014″, salienta.

Vice-presidente da Comissão do Transporte Público e da Mobilidade Urbana da Câmara Municipal, o vereador Maurinho Branco (DEM) tem uma posição muito próxima da levantada pela NovAmosanta. Ele também participou da reunião promovida pelo MPF.

“Eu também fico preocupado com isso. De fato, o asfalto está ficando muito bom, mas a obra não está acrescentando coisas importantes para o petropolitano. Estamos cobrando direto que esses pontos sejam atendidos. O morador da Posse, hoje, leva três horas para chegar ao Centro. Imagina o morador que fica dentro de um ônibus esse tempo para poder ir trabalhar? Não podemos perder essa oportunidade de fazer obras de mobilidade enquanto a reforma está em andamento”, diz.

 

Apenas obra na entrada do Carangola começou, mas feita pela prefeitura

Das sete propostas, uma efetivamente começou a ser feita, mas não pelo Dnit. A prefeitura começou a construção de uma rotatória na entrada do Carangola no início deste mês.

A obra prevê a ampliação da pista sobre um terreno que fica na margem de acesso ao bairro. O projeto contempla novos recuos para ônibus e a criação de um ponto de parada de coletivos na pista sentido distritos (evitando retenção da faixa de rolamento). A ampliação das pistas, segundo a prefeitura, vai permitir ainda que o posicionamento dos veículos para a espera pela conversão para entrada no Carangola não interrompa o tráfego.

Ao MPF, a CPTrans informou que a desapropriação do terreno onde vai ser feita o alargamento da pista está em andamento.

Na sexta-feira, a prefeitura informou em nota ao Diário que, na última semana, “uma equipe da Comdep fez a limpeza do terreno que será utilizado no projeto da Rotatória do Carangola. Na próxima semana, a depender das condições climáticas, uma equipe da secretaria de Obras fará a remoção do muro, para que seja feita a extensão da rua no trecho”.

 

Dnit diz que intervenções pedidas pelo município estão em “estudo”

Na reunião com o MPF, a CPTrans reforçou que o projeto revisado pelo Dnit em 2018 já contemplava as intervenções de mobilidade e que o município havia questionado a Superintendência Regional do Dnit no Rio de Janeiro sobre o motivo da reforma realizada atualmente não ter incluído essas obras.

Também na nota enviada ao Diário, a prefeitura afirmou que “Além desta rotatória, o município tem projetos já apresentados ao DNIT para melhorar a mobilidade urbana na União e Indústria. Representantes da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes – CPTrans já se reuniram com técnicos do DNIT para discutir a execução dos projetos, que preveem novas rotatórias ao longo da estrada. A Prefeitura também trabalha na melhoria de rotas alternativas, como é o caso, por exemplo, das ruas Joaquim Agante Moço e Desembargador Augusto Severo, atrás do Parque Municipal, uma via de terra, que precisava de obras, e foi asfaltada agora”.

Durante a reunião no MPF, o novo superintendente do Dnit no Rio, Leive Assis, afirmou que “quando assumiu a Superintendência do DNIT no Rio de Janeiro, tomou conhecimento das questões relacionadas à Estrada União e Indústria, e que as intervenções propostas pelo Município exigem adequações no contrato, o que está em fase de estudo”, como consta na ata da reunião. Segundo ele, “a meta do DNIT é entregar a rodovia restaurada e com a melhor estrutura possível”.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes também informou que o órgão só pode rever o contrato da reforma da estrada se o impacto financeiro não ultrapassar 25% do valor previsto (ou seja, perto dos R$ 10 milhões).

A promotora Vanessa Seguezzi determinou que o Dnit informe ao MPF se o projeto atualizado pelo órgão em 2018 é o mesmo que foi licitado e se esse estudo contempla as intervenções de mobilidade. Também determinou que o órgão apresente uma análise sobre as intervenções apontadas pela CPTrans.

O Diário questionou o Dnit na última sexta-feira se as intervenções projetadas em 2014 foram incluídas na licitação da reforma e se o órgão planeja obras de mobilidade para a Estrada União e Indústria, mas não obtivemos respostas. Também tentou contato com Leive Assis, mas não recebemos retorno até o fechamento da edição.

 

Edital: Contratação de Empresa para Execução das Obras de Restauração da União e Indústria

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

MINUTA DE EDITAL RDC ELETRÔNICO N° 0231/2019-07

OBJETO: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA EXECUÇÃO DAS OBRAS DE RESTAURAÇÃO DA ESTRADA UNIÃO INDÚSTRIA (BR-040/RJ).

DADOS DO RDC

  • DATA: 22/08/2019-10:00 h
  • MODO DE DISPUTA: ABERTO
  • CRITÉRIO DE JULGAMENTO: MAIOR DESCONTO
  • REGIME DE EXECUÇÃO: EMPREITADA POR PREÇO GLOBAL.
  • VALOR ESTIMADO. R$ 52.074.525,15 (cinquenta e dois milhões, setenta e quatro mil, quinhentos e vinte e cinco reais e quinze centavos)
  • DATA-BASE: JULHO/2018

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SERVIÇO DE CADASTRO E LICITAÇÕES

Rodovia Presidente Dutra Km 163 — Vigário Geral — Rio de Janeiro/RJ CEP.: 21.240-001 Tel. (21) 3545-4713

http://www.dnit.gov.br E-mail: searj@dnit.gov.br

Concer fecha mais um acesso à União e Indústria

da Tribuna de Petrópolis de 17 de julho (aqui página inicial do jornal)

JANAÍNA DO CARMO – Redação Tribuna

A Concer — concessionária que administra a BR-040 — iniciou na segunda-feira, uma obra para fechar o acesso à Estrada União e Indústria pela ponte do Castelo de Itaipava, na altura do km 56.

O local era usado há mais de 40 anos pelos motoristas que agora terão como alternativa outro retomo mais distante quatro quilômetros.

Apesar das intervenções de afunilamento do canteiro terem começado há dois dias, a concessionária ainda não instalou placas informando o fechamento do acesso e vários motoristas foram flagrados na manhã de ontem, fazendo a conversão agora proibida. “É lamentável que, mais uma vez, a Concer não procure a Prefeitura que tem técnicos de mobilidade na CPTrans e experiência local para buscar uma so-lução melhor. Esse acesso já existia antes da BR-040 e a rodovia cortou Itaipava ao meio deixando parte da população do outro lado com dificuldade de acesso”, protestou o presidente da NovAmonsanta, Jorge de Botton.

Com o fechamento desse acesso, os motoristas também tem a opção de passar por dentro do Castelo de Itaipava, onde uma pista foi construída para acessar a ponte e chegar a Estrada União e Indústria. “Agora o acesso à ponte se faz por dentro de propriedade particular do Castelo, e portanto de forma condicional, tem até que passar por um portão. A ANTT que supostamente deveria privilegiar o olhar do usuário não pode desconsiderar a solicitação da Prefeitura que é a representante legal dos cidadãos petropolitanos.

Em resumo: o trânsito em Itaipava que já está péssimo só tem a piorar, uma má notícia”, ressaltou Jorge de Botton. Quem mora na região ou os motoristas que vem de Juiz de Fora (MG) também criticaram a medida pois agora estão impedidos de acessar a União e Indústria pelo retorno em frente ao Castelo. “Eu moro na Vila Rica e para chegar na União e Indústria era só retornar em frente ao Castelo e seguir até o acesso a ponte. Agora, com essa obra o retomo terá que ser na ponte do Arranha-Céu, vamos perder mais tempo”, lamentou Fabiano Augusto, de 48 anos.

A falta de sinalização também foi questionada pelo morador. “Não há nada que diga que não podemos mais entrar na ponte ou que temos que seguir pelo terreno do Castelo. Muitos motoristas continuam fazendo a conversão correndo risco de acidente”, comentou Fabiano.

A equipe da Tribuna ficou na região por cerca de 20 minutos, neste período flagrou pelo menos 10 motoristas fazendo a conversão para acessar a ponte. Em nota, a Concer informou que “o acesso opera de forma regular no sentido União e Indústria – BR040, respeitando os padrões de segurança viária e em consonância com o novo acesso ao Castelo de Itaipava.

A ANTT, em nota, in-formou que o acesso era irregular e que os motoristas contam com outras alternativas de passagem entre a BR-040 e a União e Indústria.

Outro acesso à União e Indústria que a Concer também fez obras que dificultaram a conversão dos motoristas é o localizado a poucos metros do pedágio, em Areal. O local dá acesso ao distrito da Posse e é usado principalmente por moradores do distrito. A entrada ainda não foi proibida pela concessionária, mas ela é feita com dificuldade devido ao afunilamento do canteiro. Além disso, os motoristas também encontram um tre-cho urbano em péssimo estado de conservação.