Não Basta Atrair Turistas

PAULO HANSTED – Empreendedor com formação em Marketing na Universidade da Califórnia

(publicado originalmente na Tribuna de Petrópolis)

Paulo Hansted
Paulo Hansted

Há alguns anos, quando a banda larga e os smartphones ainda engatinhavam no Brasil, fui chamado por uma grande empresa de telefonia móvel para participar de um desafio para o qual ninguém tinha uma resposta. O desafio envolvia o governo de Santa Catarina e algumas de suas mais lindas e festejadas cidades, Florianópolis, Balneário Camboriú, Blumenau e Joinville. Como introdução sabia apenas que a missão girava em torno uma inquietação do governador com o tema turismo. Sendo um razoável conhecedor do quanto é difícil fazer turismo em nosso país, imaginei que a pauta envolveria a ambição de se atrair um maior número de visitantes para a região.

Os investimentos na área de turismo no Brasil são pífios, se comparados até mesmo com países vizinhos. Enquanto Colômbia e Equador, investem algo em torno de US$ 100 milhões por ano, por aqui os investimentos não chegam à casa do US$ 20 milhões. Não fica difícil compreender porque ocupamos apenas a 7ª posição no ranking de países mais visitados na América, e não figuramos entre os 50 destinos que mais atraem turistas no mundo.

No entanto, Santa Catarina possuía três cidades entre as 10 mais visitadas por estrangeiros no país em 2016. Florianópolis, Bombinhas e Balneário Camboriú, ocupam a respectivamente a segunda, sexta e oitava posições no ranking. Por conta disto, e somando-se ainda a força da região na atração do turismo interno, o então governador Luiz Henrique da Silveira expôs um cenário ainda mais complexo e surpreendente, que nos fez compreender sua inquietação. Ele dizia que o desafio de Santa Catarina não era o de atrair mais turistas e sim o de dinamizar o valor econômico gerado pelos turistas.

Sim, a questão é simples de se compreender e não é uma particularidade de Santa Catarina. Estados e municípios fazem de tudo para atrair visitantes, no entanto a falta de estrutura de suporte e orientação adequados, fazem com que estas pessoas que chegam acabem por interagir pouco com as cidades. No raciocínio lógico do governador, um turista que por ausência informação organizada e disponibilizada na hora e da forma correta, visite hipoteticamente cinco destinos na cidade, vai deixar recursos, dinheiro para ser mais claro, restrito ao universo limitado de ambientes com o qual interagiu.

Do contrário, se a estrutura de acesso a informação sobre o que pode fazer na cidade for farta e disponibilizada da forma adequada, os estímulos para interagir com mais locais se multiplicam. Desta forma, visitando mais lugares, se envolvendo mais com tudo o que a cidade pode oferecer, este mesmo turista consome mais, gasta mais e por conta disto, movimenta mais a economia, deixa mais recursos na região.

Segundo a Santur (Secretaria de Turismo do Estado de Santa Catarina), em um período de temporada o Estado recebe algo em torno de 5 milhões de visitantes, que permanecem um tempo médio de 4 dias na região e movimentam um ticket médio na casa de R$ 300 durante a permanência, um valor muito baixo, reflexo da ausência de mecanismos de inteligência e suporte. Se há 5 anos, os mecanismos para dinamizar de forma coordenada as ambições do governador eram ainda um tanto escassos, com a popularização e disseminação da banda larga e das plataformas digitais, não há mais justificativa para não se reorganizar esta equação. Com um investimento coordenado, soluções multiplataforma especificamente desenvolvidas para este fim, podem transformar cidades analógicas em cidades interativas. Onde quer que esteja, da forma que preferir, o turista pode ter acesso a um pacote de informações e estímulos que vai estreitar a relação de engajamento com tudo o que a cidade oferece.

Na web, onde as pessoas tendem a ter menos pressa, o usuário pode estabelecer os primeiros contatos com a região e suas atrações. Dinâmica essencial até para se planejar e decidir pelo destino. No mobile, quando já no local, o turista pode consultar e receber estímulos personalizados de atrações por perfil, distância, gênero, a cidade na palma da mão. Através de códigos bidimensionais aplicados a atrações turísticas e fazendo uso do celular, pode-se acessar vídeos, textos e fotos que vão enriquecer a experiência do visitante.

Como resultado, mais turistas vindo, mais turistas indo e compartilhando suas impressões positivas, mais dinheiro circulando, gerando empregos e desenvolvimento para a região. Quem ganha com isto? Os turistas, o comércio e o próprio cidadão. Estimamos que a adoção do sistema de cidades interativas na região, possa não somente aumentar o tempo de permanência, mas acima de tudo dinamizar o valor econômico gerado pelo turista, podendo mais do que dobrar o ticket médio de consumo.

A ambição do governador estava certa, de nada vale atrair mais turistas, se antes não se oferecer a estrutura de suporte necessária para estimular o engajamento. Ao empoderarmos o turista, a cadeia de benefícios tende a ser exponencial e o poder de conversão de valor passa a traduzir efeitos determinantemente superiores aos custos e energia necessários para atrair ainda mais visitantes.

 

Delegacia de Itaipava lidera ranking de produção investigativa na Região Serrana

THACIANA FERRANTE
Redação Tribuna
(da Tribuna de Petrópolis )

poliaProducInvestiga

A 106° Delegacia de Petrópolis ocupa pelo segundo mês consecutivo a primeira colocação no ranking das 16 delegacias da Região Serrana, no quesito Produção Investigativa. A pesquisa passou a ser realizada esse ano pelo 7° Departamento de Polícia de Área (DPA). Os números analisados estão relacionados a quantidade de crimes solucionados, cometidos ou não dentro do respectivo mês, e também de indiciamentos feitos. Isso significa que não necessariamente a quantidade de delitos elucidados nos meses de junho e julho, período que 106° DP mais se destacou, foram registrados e/ou cometidos na mesma época. Isso porque a polícia civil é de cunho investigativo, ou seja, a apuração de crimes mais complexos, normalmente demora alguns meses até ser concluída.

Ao todo são analisados 17 tipos de delitos, destes a 106° DP conseguiu solucionar em julho 24 casos de violência doméstica, 24 em crimes diversos, 12 roubos – ligados aos assaltos a residências registrados em Petrópolis nos últimos meses, e 7 roubos de veículos. Além disso, 75 pessoas foram indiciadas e 74 delas identificadas. A divulgação dos dados agradou a delegada titular Juliana Ziehe. “Essas informações reforçam o trabalho que temos desenvolvido na delegacia de Itaipava. É importante que a população saiba que estamos empenhados em solucionar os crimes cometidos na nossa região, e temos tido sucesso quanto as prisões, principalmente relacionadas a quadrilha que estava atuando no 3° distrito roubando e furtando imóveis”, destacou a delegada.

tabelaCrimes

 

Por falta de investimentos, governo pode retomar concessões Rio-Juiz de Fora e Transnordestina

Governo iniciou dois processos que poderão levar à cassação das concessões do trecho da BR-040 entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG) e da ferrovia Transnordestina

Lu Aiko Otta, O Estado de S.Paulo
27 Julho 2018 | 21h07

BRASÍLIA – O governo iniciou formalmente na semana passada dois processos que, no limite, poderão levar à cassação das concessões do trecho da BR-040 entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG), hoje com a Concer, e da Ferrovia Transnordestina. Em ambos os casos, foram instaladas comissões que vão apurar se houve descumprimento dos contratos, num prazo de 120 dias. A punição administrativa máxima prevista nesses casos é a chamada caducidade, ou seja, a retomada do empreendimento pelo governo.

Responsável pela fiscalização dos contratos, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não detalhou quais investimentos deixaram de ser realizados. Ela informou que as apurações são sigilosas.

Em nota, a Concer afirmou que cumpre o contrato “dentro das limitações impostas unilateralmente pelos elevados créditos que tem a receber da União”. Ela acrescenta que a União descumpre o contrato de concessão desde dezembro de 2014, pela falta de repasse de recursos para realizar as obras da nova subida da serra, fato que impede sua conclusão. “Mesmo assim, a Concer mantém os serviços de manutenção e operação da rodovia.”

A concessionária acredita ter argumentos sólidos a apresentar em sua defesa, diz a nota. E acredita ser necessário reequilibrar o contrato para destravar investimentos. O contrato da Concer vence em 2021. O governo já estuda sua licitação, a ser realizada no fim de 2019.

No caso da Transnordestina, o que está em análise pela ANTT é a chamada Malha Nordeste, que está em operação e é remanescente da Rede Ferroviária Federal. O processo não diz respeito à linha que está em construção há uma década.